Google Cloud aposta na IA Generativa para acelerar empresas e organizações públicas portuguesas

A multinacional Google voltou a Portugal para realizar mais um Lisbon Cloud Day e apresentou um novo panorama da evolução da Inteligência Artificial Generativa. O que antes era potencial, diz a Google, a IA Generativa é agora uma força motriz da economia portuguesa, transformando empresas e organizações públicas.

Um certame de novidades centradas na IA que incluem programas alargados de formação nesta vertente, a disponibilização de funcionalidades de IA em português e uma parceria estratégica com a associação de startups AI HUB.

Sofia Marta (SM), Country Lead da Google Cloud, em Portugal, explica à RTP que o objetivo é ajudar a empregabilidade das pessoas em áreas que o mercado precisa, como é o caso da analítica, das tecnologias da informação, da própria inteligência artificial, do marketing digital, entre outras.

“No meio destas Pequenas e Médias Empresas (PMEs) todas, também existe muitas startups e estamos a falar, por exemplo, da fábrica do Unicórnio que que está aqui em Lisboa. Nós queremos efetivamente não só ter um impacto nos negócios, mas queremos também conseguir alavancar esta tecnologia para o impacto na sociedade em Portugal.”

A representante da Google refere por exemplo a existência de problemas que podem ter a ver com a nossa relação como cidadãos, com o Estado:

“Por exemplo, temas na área da saúde, que eu acho que é uma área também onde podemos querer ter um impacto muito, muito significativo e, portanto, que o que estamos a fazer neste momento com esta parceria que iniciámos hoje com o I Hub da Unicorn Factory, queremos realmente ter um impacto na sociedade em Portugal, de forma a potenciar a utilização desta tecnologia, em particular da inteligência artificial, também generativa, naquilo que é a competitividade que o país que ter e elevar o nível de competitividade do país.”

Um trabalho invisível que já foi apresentado em alguns departamentos do Estado, como a Agência de Modernização Administrativa, bem como empresas fornecedoras de serviços essenciais ao serviço da população, como a Carris, mas também áreas de ensino público, entre elas a Escola Nacional de Saúde Pública.

Abordagens por parte da Google, para perceber que problemas é que estes serviços têm, para, através da IA, ajudar criar soluções práticas com aplicabilidade e com impacto na nossa sociedade.

Capacitar as organizações portuguesas com IA Generativa
A Google acredita que a IA generativa pode ajudar a transformar organizações de todas as dimensões e de todos os setores e tornar mais simples às empresas portuguesas inovar com esta tecnologia, ao mesmo tempo que satisfazem as suas necessidades. E apresentam desde já com algumas propostas:

  - Programas abrangentes de formação em IA: A Google oferece um conjunto abrangente de programas de formação em IA concebidos para dotar a força de trabalho portuguesa com as competências essenciais para implementar e gerir eficazmente soluções generativas de IA. Estes programas destinam-se a vários níveis de experiência, desde formação básica que apresenta conceitos-chave de IA até workshops avançados que aprofundam aplicações específicas de IA generativa. Ao participarem nestes programas, as empresas portuguesas podem construir uma equipa interna de IA qualificada, capaz de impulsionar a inovação e maximizar o valor dos seus investimentos em IA Generativa.

  - Infraestrutura local robusta: O cabo submarino Equiano, lançado em maio de 2022, fortalece a conectividade entre Portugal e África, abrindo portas para uma maior colaboração e oportunidades comerciais. Além disso, o próximo cabo submarino Nuvem, que deverá estar pronto em 2026, irá melhorar a conectividade transatlântica entre Portugal, Bermudas e os Estados Unidos. Esta infraestrutura alargada proporcionará às empresas portuguesas acesso de alta velocidade e baixa latência aos serviços e recursos da Google Cloud, independentemente da sua localização, fundamental para alimentar o crescimento de aplicações de IA Generativa baseadas em Cloud em Portugal.

  - “Ajuda-me a Escrever em português”: Anunciado recentemente no Google I/O, há apenas algumas semanas, a multinacional apresenta agora a funcionalidade "Ajuda-me a escrever" em português para o Google Docs e o Gmail. Uma funcionalidade do Gemini para o Workspace, que permite aos profissionais portugueses explorar o poder da IA generativa diretamente em português. Seja na elaboração de e-mails, a gerar relatórios ou ideias criativas de conteúdo, economizando tempo e aumentando a produtividade. Ao eliminar as barreiras linguísticas e tornar a IA acessível em português, as empresas portuguesas podem aproveitar o potencial da IA para impulsionar a inovação e o crescimento.

  - Parceria AI HUB: A colaboração com a Unicorn Factory expande o acesso a recursos e conhecimentos críticos de IA, promovendo um ecossistema de IA próspero em Portugal. Uma colaboração que a Google diz fortalecer a competitividade de Portugal e impulsionar o crescimento em setores-chave como a saúde, a sustentabilidade ambiental, a educação e a segurança, de forma a que o conhecimento e as ferramentas da Google cheguem às universidades e startups portuguesas de uma forma mais prática, através de masterclasses, hackathons e formação à medida.
O que é a Inteligência Artificial Generativa?
IA generativa é uma ferramenta digital usada pela inteligência artificial para criar novos conteúdos, como texto, imagens, música, áudio e vídeos.

A IA utiliza modelos bases capazes de realizar várias tarefas ao mesmo tempo, além de resumos, perguntas e respostas, classificações e muito mais. Mas perguntamos à Country Lead da Google Cloud, em Portugal, Sofia Marta (SM), o que é este novo modelo e que mais-valias pode trazer e qual é aqui a novidade com a Inteligência Artificial Generativa.

"É a capacidade efetivamente de gerar informação. Portanto, funciona com um modelo de base probabilístico, mas eu, com a IA Generativa, consigo gerar conteúdo. E pode ser um conteúdo em texto, em imagem, em vídeo, em código. Com o Gemini, que é a nossa família de modelos generativos, que lançámos em dezembro, conseguimos num só modelo ter de facto esta abrangência multimodal e portanto tem todos estes formatos, seja no input, seja no resultado que que devolvemos, conseguimos fazer um bocadinho como o nosso cérebro funciona, não é? Nós funcionamos só em texto, ou só imagem, ou só ou só em vídeo. E, portanto, temos todos esses formatos, digamos assim, em conjunto a poderem ser utilizados", explica.

Uma ferramenta que as empresas podem utilizar com facilidade. “Podem utilizar e já estão a utilizar”, sublinha Sofia Marta. (…) “Claro que não vem resolver todos os problemas, mas é muito mais fácil a interacção.”

“Os profissionais que não utilizam o IA é que vão ser substituídos por esta ferramenta”

Muito se fala sobre os receios em volta da Inteligência Artificial e a possibilidade desta tecnologia vir a substituir o trabalho humano, principalmente em áreas criativas e de informação.

Recentemente, Kristalina Georgieva, diretora-geral do Fundo Monetário Internacional, num evento em Zurique, comparou o impacto da Inteligência Artificial a um "tsunami" que inevitavelmente vai afetar a força laboral.

De acordo com a directora do FMI, a previsão é que a IA impacte cerca de 60 por cento dos empregos nas chamadas economias avançadas e 40 por cento dos empregos a nível global, acabando por existir pouco tempo para a população se preparar.

Apesar das mudanças iminentes a inteligência artificial não irá substituir, no contexto atual, as tarefas humanas na sua totalidade, mas sim ajudar a criar alternativas e soluções, assim pensa Sofia Marta da Google Cloud Portugal.

“Eu acho que esta tecnologia vai estimular a nossa criatividade. Vai nos levar a um nível que temos que dar o melhor de nós. Vai ser a nossa melhor versão, porque eu acho, que há coisas que nós fazíamos que não vai ser necessário fazer, porque vamos ter o assistente a fazer por nós e portanto, nós vamos conseguir focar o nosso tempo em fazer outras coisas que têm muito mais interesse e muito mais impacto. Claro que temos que aprender a tirar esse partido da tecnologia, isto é um caminho, é uma jornada. E mais uma vez, a parte toda da formação é muito, muito relevante para chegarmos ao resultado pretendido.”

E quanto a uma artificialização do mundo, a Country Lead da Google Cloud em Portugal não concorda e defende que é tudo isto faz parte da nossa evolução enquanto seres humanos.

“O homem quando criou as primeiras ferramentas, foi para poder realizar as tarefas de uma forma mais eficaz e mais rápida. A IA é precisamente mais uma ferramenta, que o homem criou, e que lhe vai possibilitar criar e desenvolver determinadas tarefas, com maior rapidez e eficiência”, acrescenta Sofia Marta. “Neste momento, com estas funcionalidades e com estas soluções, eu vou conseguir fazer, nos 95 por cento do tempo que eu antes gastava, o trabalho em cinco por cento, e fico com os outros 90 ou 95 por cento do tempo para, de facto, aplicar a minha criatividade e aquilo que eu posso dar como diferenciador.”